Tuesday, October 12, 2010

Exemplos de animais híbridos: a mula, o homem...?!

 De acordo com Michael Ruse (autor de The Evolution-Creation Struggle): "De todos os cientistas no mundo de hoje, não há ninguém com quem Charles Darwin gostaria de passar um fim de tarde junto mais do que Sean Carroll".

Não tive uma tarde com ele, mas senti-me extremamente honrado com os poucos minutos que tive para contá-lo sobre a pesquisa que tenho feito, durante sua visita ao nosso laboratório. Na foto acima sou eu, muito bem acompanhado de Neil Shubin (esquerda) e Sean Carroll (direita).

E por ocasiao de sua visita, aqui segue o link para a matéria que Dr Carroll escreveu recentemente no jornal New York Times. Vale muito a pena conferir! A matéria também encontra-se disponível em versão traduzida para português.

Nesta, Dr. Carroll discute o papel de híbridos no reino animal. Alguns exemplos incluem filhotes híbridos de golfinho e baleia, de diferentes espécies de ursos, de zebra e cavalo, de bisão e boi, etc. Estes híbridos atraem a curiosidade daqueles que os veem em zológicos ou em parques, mas muitos (inclusive biólogos) interpretam estes eventos de hibridização como meras aberrações ou acidentes no processo evolutivo.

Entretanto, Dr. Carroll discute dois experimentos envolvendo espécies de girassóis e abelhas que indicam que eventos de hibridização podem levar a especiação, particularmente quando híbridos são capazes de ocupar nichos que as espécies parentais não são.

Dr. Carroll sugere que a hibridização pode ocorrer na natureza em frequência maior do que se imagina e chama atenção para estudos recentes que suportam uma hipótese mais provocativa: nossa espécie seria resultado de um evento de hibridização!

As primeiras análises de curtas sequências de DNA Neandertal não indicavam que qualquer hibridização com humanos modernos tivesse ocorrido. Entretanto, em maio deste ano o grupo liderado pelo Dr. Svante Paabo analisou mais de 60% do genoma Neanderthal e demonstrou que algo entre 1 a 4% do genoma de europeus e asiáticos, mas não de africanos, foi contribuição direta da mistura de Neandertais e Homo sapiens!

Nas palavras do Dr. Carroll: "as barreiras entre espécies não são necessariamente abismos vastos e intransponíveis; as vezes podem ser transpostos, obtendo resultados maravilhosos".

Friday, October 1, 2010

Biologia do Desenvolvimento na UFRJ/Macaé



Texto original no site do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
Por Alice Reis, Marcio Buffolo e José Garcia Abreu

Entre os dias 16 e 19 de setembro, aconteceu o IV Encontro de Alunos de Biologia do Desenvolvimento (EABD) no campus da UFRJ em Macaé. As edições anteriores haviam sido realizadas em São Paulo. O encontro tem como missão integrar os estudantes e pesquisadores de diversos estados, promovendo um intercâmbio de ideias e conhecimentos entre as diversas linhas de pesquisas realizadas no Brasil em Biologia do Desenvolvimento.

Pela primeira vez o EABD aconteceu no Rio de Janeiro e no pólo UFRJ-Macaé. O formato deste encontro sempre foi baseado em apresentações de projetos em mesas redondas de alunos com pesquisadores, além de palestras dos pesquisadores convidados. Nesta quarta edição, o EABD tomou um novo formato, oferecendo cursos totalmente “hands-on” em diferentes modelos biológicos utilizados em pesquisa no campo da Biologia do Desenvolvimento Brasileira.

O curso foi realizado no Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (NUPEM/UFRJ), que possui todas as instalações necessárias para o funcionamento do encontro em regime de internato, sendo possível manter um alto nível de interação entre alunos e pesquisadores. Graças à estrutura única do NUPEM alunos e professores hospedaram-se no local onde ficam os laboratórios e onde foram realizadas aulas práticas, sem a necessidade de deslocamento. A ocupação deste espaço se deu fundamentalmente através da generosa recepção do Professor Francisco Esteves, diretor geral do NUPEM, e do professor Rodrigo Fonseca, cujo laboratório de pesquisa está no NUPEM. O encontro contou com a participação de alunos de iniciação científica e pós-graduação da UFRJ – Fundão, UFRJ – Macaé, UENF- Campos, FIOCRUZ e USP.

Pesquisadores e alunos ministraram os cursos. Todos os alunos puderam manipular e realizar diferentes práticas com os modelos demonstrados, como a rã Xenopus laevis, onde os alunos puderam observar e praticar experimentos clássicos de dissecção dos embriões e fazer análise fenotípica. Também foi possível aprender técnicas de eletroporação em embriões de galinha e o cultivo in vitro desses embriões. O curso também ofereceu práticas com embriões de modelos invertebrados, como a mosca da fruta Drosophila melanogaster, o mosquito Aedes aegypti, o besouro Tribolium castaneum e carrapatos.

Os alunos vivenciaram práticas de estagiamento embrionário, de fixação e dissecção, além de colorações de rotina. Foi possível observar vantagens e desvantagens de cada modelo e suas aplicabilidades. No mesmo contexto de aulas práticas, também foi oferecido um curso de bioinformática, onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer conceitos básicos e métodos empregados em análise filogenética de sequências gênicas e proteicas.

EABD deu a oportunidade de manipulação de embriões a todos os participantes, enriquecendo o conteúdo previsto e obtendo total aproveitamento e participação dos alunos. As mesas redondas permitiram a discussão de projetos e a integração dos alunos, que expuseram suas deficiêcnias e buscaram soluções, discutindo ciência de maneira informal. Atividades como essa devem ser estimuladas não só em Biologia do Desenvolvimento, mas também em outras áreas, favorecendo o crescimento dos futuros pesquisadores brasileiros. Para tal, o apoio dos órgãos de fomento é essencial.

O IV EABD foi realizado com o apoio do Programa de Ciências Morfológicas do ICB da UFRJ, do NUPEM/UFRJ, particularmente o laboratório integrado de Bioquímica Hatsaburo Masuda e do convênio ICB – UFRJ - Banco do Brasil. Os organizadores do encontro foram os alunos Alice Helena dos Reis (Doutorado, PCM) e Marcio Buffolo (IC-UFRJ).