Caros leitores, o entrevistado de hoje é o Dr. André Pires da Silva, Professor da Universidade do Texas em Arlington. André trabalha com determinação do sexo, estrutura genômica e ecologia de nemátodes. (lab website)
1. O que o levou a realizar uma carreira em Biologia do Desenvolvimento/Evo-Devo?
Durante minha graduação na Universidade de Brasilia, nos mostraram um filme sobre os genes homeóticos. Me fascinou o fato de que mutações em um único gene pudessem dar origem a uma transformação tão radical na mosca de frutas (Drosophila). A Drosophila normal tem duas asas, mas mutações no gene Ultrabithorax faz com que elas desenvolvam quatro asas. Isso sugere de que grandes saltos evolutivos podem ocorrer com poucas mutações. Essa idéia me fascinou muito, porque de acordo com que eu tinha aprendido até então a evolução é um processo bastante lento.
2. Na sua opiniao, qual foi trabalho científico mais importante na Biologia do Desenvolvimento/Evo-Devo?
Acho que o artigo de Ed Lewis em 1978, na Nature, sobre os genes homeóticos. As implicações evolutivas nesse artigo inspiraram muito gente. Foi um dos artigos mais influentes em evo-devo, na minha opiniao.
3. Quais são as perguntas que você gostaria de responder em seu futuro científico?
Acho que uma das perguntas mais fascinantes é de como “novidades morfológicas” aparecem durante a evolução. Novidades morfológicas são aquelas que aparecem praticamente do nada, e que são muito diferentes. Alguns exemplos sao a carapaça da tartaruga, o chocalho da cascavel, e o “neural crest cells” de vertebrados. Será que se tratam de várias mutações ou de poucas? São mutações em partes regulatórias de genes, ou partes codificantes de genes? Que tipo de mutações são? Será que existem genes que tem mais propensidade a regular a evolução de novas morfologias?
4. Quem mais o influenciou na sua carreira científica?
Duas pessoas, o Spartaco Astolfi Filho da UnB e o Ralf J. Sommer, do Max Planck de Tubingen, na Alemanha. O Spartaco me deu a oportunidade de aprender Biologica Molecular numa época em que poucas pessoas no Brasil faziam. O Ralf J. Sommer me ensinou como vender ideias, e como ser bom orientador.
5. O que o levou a realizar sua carreira científica fora do Brasil?
Na época em que eu queria fazer minha pós-graduação não havia praticamente ninguém no Brasil trabalhando com biologia do desenvolvimento usando técnicas moleculares. Recebi a chance de trabalhar num instituto bem reconhecido para meu mestrado, com um dos líderes mundiais na area de biologia do desenvolvimento.
6. Que outra profissão você teria escolhido que não a carreira científica?
Acho que eu seria tradutor.
Tuesday, October 13, 2009
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